Quem somos?

Há dezesseis anos, o Brasil vivia um cenário muito diferente do atual. Ao final do segundo governo Lula, vitorioso e amplamente reconhecido dentro e fora do país, os trabalhadores e trabalhadoras tinham motivos de sobra para acreditar que aquele sonho, de um governo a serviço da classe trabalhadora e capaz de promover mudanças profundas, seguiria de vento em popa.

Na Educação, com o ministro Fernando Haddad, as políticas afirmativas democratizavam e popularizavam as universidades públicas. As vagas nas federais se multiplicaram com a criação de novos campi, enquanto o PROUNI e o FIES mudaram a cara das universidades particulares, garantindo a milhões de famílias trabalhadoras a oportunidade do primeiro universitário em casa. O Ciência Sem Fronteiras ampliou horizontes e levou filhos de pedreiros e empregadas domésticas a estudar fora do país.

Resultado dessas conquistas, os estudantes brasileiros encontraram no movimento estudantil a ferramenta para expressar seus anseios e lutar pelo futuro. Foi nesse contexto histórico que nasceu, há 16 anos, o coletivo ParaTodos: fruto da convicção de que o acesso à universidade transforma para sempre a vida de um jovem e, mais ainda, de que a presença massiva de jovens negros, periféricos, indígenas, quilombolas e filhos da classe trabalhadora mudaria a cara das universidades brasileiras.

De lá para cá, estivemos na linha de frente do movimento estudantil organizado, incorporando e defendendo os estudantes prounistas quando setores se opunham a essa política pública; jogamos nossas energias na radicalização do projeto democrático-popular de educação; estivemos lado a lado com os movimentos sociais e com a classe trabalhadora.

O golpe machista e misógino de 2016, que retirou do poder a presidenta Dilma sem crime de responsabilidade, abriu caminho para a agenda neoliberal e conservadora de Temer e, depois, para a ofensiva de ódio representada pela eleição de Bolsonaro. Foram anos duros de ataques à educação, de criminalização da política e de retrocessos sociais. Mas o ParaTodos não se calou: estivemos nas ocupações de escolas e universidades, na luta contra a PEC do teto de gastos, contra a Reforma do Ensino Médio, contra a censura da Escola Sem Partido. Mantivemos nossa voz firme, como parte do movimento popular, ao lado da UNE, da UBES e de todas as organizações que não se renderam.

Hoje, vivemos um novo momento. Lula voltou à presidência e recolocou o Brasil em um caminho de esperança. Mas sabemos que as elites continuam mobilizadas contra o povo e que as tarefas da juventude são ainda maiores: reorganizar o movimento estudantil como instrumento de massas, enraizado na vida cotidiana das escolas e universidades, capaz de disputar corações e mentes e de apresentar um projeto de transformação radical da sociedade.

O ParaTodos nunca escondeu de que lado está: somos do time de Lula, do PT e da classe trabalhadora. Herdamos com orgulho a luta dos companheiros que foram perseguidos, presos e criminalizados por acreditarem num Brasil justo e popular. Seguimos com clareza estratégica: acumular forças nas lutas imediatas sem perder de vista nosso objetivo maior, a construção de uma sociedade socialista.

Aos 16 anos de história, reafirmamos que não somos apenas um movimento reivindicatório: somos parte do movimento popular que tem na educação a estrada para mudar o Brasil. Nossa tarefa é atualizar os eixos de luta, ampliar nosso enraizamento, fortalecer nossa unidade interna e seguir lado a lado com os estudantes e o povo brasileiro.

Como já dizia o Programa Democrático Popular do PT (1987), “acumular forças é acumular experiências de lutas bem-sucedidas e acumular vitórias”. Não se trata apenas de lutar no terreno institucional, mas de compreender que cada batalha vencida pavimenta o caminho para os objetivos estratégicos e estruturais.

A luta pela Educação pública, gratuita, inclusiva, de qualidade e socialmente referenciada é o nosso eixo central. Não somos apenas um movimento reivindicatório das políticas públicas de educação e juventude, mas parte de um movimento popular que entende a Educação como estrada para a transformação profunda da sociedade.

É preciso reagrupar forças, atualizar os eixos de luta e acumular progressivamente as condições para nossa ofensiva política voltar a ser vitoriosa. Precisamos de um movimento estudantil que saiba travar as batalhas do presente com os olhos voltados para a vitória estratégica do nosso projeto histórico.

Por isso, reafirmamos: cada passo que damos é parte de uma longa caminhada, que só se constrói no próprio ato de caminhar, ombro a ombro com os estudantes brasileiros.

Sou ParaTodos, você ouviu? A minha tese é construir um novo Brasil!

Imagem da bancada ParaTodos no 60° Congresso da União Nacional dos estudantes e Goiânia (GO).

PARATODOS, O TIME DE LULA