Em Defesa do Mandato da vereadora Paolla Miguel.
No último domingo (14/04), ocorreu o evento Bicuda em nossa cidade, uma celebração cultural respaldada pela Secretaria de Cultura de Campinas. Através do coletivo organizador, foram solicitadas emendas ao mandato da vereadora para garantir a estrutura física necessária, como banheiros químicos e palco, possibilitando a realização do evento. A Bicuda é uma manifestação cultural que ocorre em Campinas desde 2018, estabelecendo diálogos significativos com a comunidade LGBT. Nesta edição, infelizmente, testemunhamos uma cena lamentável de simulação de ato libidinoso, que reconhecemos sua inadequação para um espaço público e pela ausência de classificação etária.
É importante ressaltar que a vereadora Paolla Miguel e sua equipe não tinham conhecimento prévio desse incidente, nem foram informados sobre seu conteúdo. A falta de fiscalização adequada por parte da Secretaria de Cultura possibilitou a ocorrência desse episódio, que é inaceitável e não representa os valores de respeito e inclusão que defendemos. Diante desse contexto, é lamentável ver a extrema-direita utilizando esse incidente como uma arma política, disseminando fake-news e mentiras para difamar a vereadora Paolla Miguel.
Essas ações constituem uma violência política, alimentada por preconceitos de gênero, raça e LGBTfobia, visando desestabilizar e desacreditar uma representante comprometida com a justiça social e os direitos humanos.
Entendemos a importância do mandato da Paolla à sociedade, principalmente às populações periféricas historicamente discriminadas pelo racismo estrutural da sociedade brasileira, sobretudo a campineira. Sua atuação incansável por justiça social e pelo fim da violência contra a juventude negra, as mulheres e a população LGBT transcende seu mandato, pois se trata de uma mulher negra e periférica, primeira vereadora LGBT da cidade de Campinas que ocupa um espaço historicamente negado à população negra. Por sua atuação firme em nome da vida e daqueles que sofrem, entendemos que ela não pode ser vítima do racismo escancarado que nós negros e negras sofremos, o racismo denunciado por ela diariamente, inclusive em plenário da Câmara Municipal de Campinas.
O processo não pode ser realizado à revelia dos fatos verdadeiros. É necessário e urgente que sejam garantidas a vitória da verdade, da democracia e do direito à vida. Paolla Miguel foi eleita democraticamente com mais de 2 mil e 700 votos da população campineira que é representada pela sua atuação política. Paolla vem sofrendo ataques que configuram violência política de gênero. A sub-representação das mulheres na política é resultado de um histórico processo de exclusão a que as mulheres brasileiras estão submetidas.
Essa exclusão está relacionada à misoginia, que é uma das peças-chave para se entender a segregação geral das mulheres da vida pública e está presente naquelas situações em que se naturaliza, que se maltrate, cause danos, marginalize e se promovam ações e formas de comportamento hostis, agressivos e machistas contra as mulheres. Essa profunda desigualdade de gênero, aliada ao racismo e outras configurações de opressão, moldam a nossa realidade no Brasil.
A abertura da Comissão Processante na Câmara de Campinas, que tem como fim a cassação do mandato popular da vereadora Paolla Miguel, é um caso concreto desta violência que tenta barrar mulheres, especialmente mulheres negras e periféricas dos espaços de poder e decisão. Chamamos a toda militância política, movimentos sociais, sociedade civil organizada, partidos políticos do campo progressista, pessoas conscientes que repudiam o fascismo e todo tipo de preconceito e violência a prestarem a sua solidariedade à vereadora Paolla Miguel. Este é um episódio sobre o qual não podemos nos calar e nem cair em armadilhas que coloquem em dúvida a reputação da vereadora Paolla Miguel. É hora de união, é hora de solidariedade.
Expressamos nosso total apoio à vereadora Paolla Miguel nesse momento difícil. Assim como muitos outros e outras que enfrentaram perseguições políticas injustas, Paolla não está sozinha nessa batalha. Contamos com o apoio da militância política, dos movimentos sociais, dos artistas e da sociedade civil organizada para resistir a esses ataques e continuar lutando por um futuro mais justo e inclusivo para todos, todas e todes.
Assine o documento, se puder faça manifestações de apoio em suas redes sociais e siga a vereadora Paolla nas redes.